Notas baixas na escola

Hoje recebi um vídeo onde o influenciador lia uma carta da escola para os pais tentando amenizar a cobrança quanto as notas dos seus filhos evidenciando que as crianças tem aptidões diferentes e que um esportista pode acabar tirando nota baixa em física.

Eu concordo que o ser humano tem capacidades diferentes e realmente terão facilidade com uma ou outra matéria mais do que outras. Mas eu não concordo com essa premissa de que “tudo bem tirar nota baixa”, “que é só uma prova”. Isso… Não é verdade.

Meu filho mais velho é um artista… Eu tenho me desdobrado pra ajudar ele a desenvolver seus talentos, mas a educação e saúde, já falei pra ele, são responsabilidades inegociáveis. E não é por achar que ele não pode tirar nota baixa, ele pode, mas na vida nós teremos que fazer coisas que não são nossa aptidão e é preciso, mesmo sendo muito difícil pra gente, aprender e atender um mínimo exigido.

Eu tenho que saber matemática pra organização financeira, didática pra estudar com meus filhos, português, ingles e interpretação pra e-mails, demandas, ciência pra cozinhar… E ninguém vai passar a mão na minha cabeça por eu não gostar ou não ter aptidão pra essas coisas.

Resumindo, o que estamos ensinando aos nossos filhos ao cobrar notas boas independente das matérias é a capacidade de se dedicar e perseverar mesmo com dificuldades.

O que eu gostaria de ter visto nessa carta é a responsabilização do papel dos pais na cobrança de notas dos filhos. As crianças, para serem cobradas por boas notas, precisam ter pais presentes as ensinando e estimulando o estudo, a essa perseverança e dedicação. Fora isso, se queremos cobrar algo, precisamos ser presentes – algo cada vez mais complexo atualmente.

A gente aqui em casa fica revezando no estudo. Passamos toda a matéria, fazemos um teste fake até o nosso filho conseguir responder com tranquilidade. Mas a nossa forma não é fórmula pra ninguém, pois apesar de eu não ter rede de apoio, tenho um marido coparticipante na criação dos nossos filhos e isso se chama privilégio.

Meu Ser Mãe

Sendo sincera, a maternidade deixou minha vida com mais cansaço mas mais completa. Minha vida inteira fui canceriana, mas nunca me identifiquei com esse treco. Duvidava até da veracidade da astrologia por isso. Depois que me tornei mãe, o tal do signo de câncer aflora, deflora e expõe todas as características, antes silenciados em mim.
Amo tanto ser mãe que prefiro fazer amor segurando na parede pra não cair e não ter que tirar meu bebe que acabou dormindo na minha cama.


Dane-se, que o desconforto seja meu.
Sou daquelas criaturas que aprende toda a matéria do filho pra ajudar a estudar pra prova mesmo sabendo que isso não é sustentável e quando chegar o vestibular dos meninos, vou me ferrar tentando ajudar. Sou e amei tanto ser mãe, que criei uma startup para mães que querem ser mais que mães.


Porque, eu sou mãe, amo ser mãe, mas como na astrologia não sou só câncer; tenho lua em escorpião, ascendente em gêmeos… Me deixem ser tudo o que eu quero ser e mais. Sou mulher, as vezes menina, algumas pareço homem meio moleque. Sou profissional e amo meu trabalho. Sou namorada, amiga, noiva e esse ano oficializa meu lado esposa. E Sou mãe. E de todas as coisas que sou, as que eu olho e falo, é isso, é ser mãe. É como se a maternidade fosse a borda de pizza recheada de nutella numa pizza doce. Um pecado a mais com sabor de quero mais, que circula tudo e dá um tchan pra vida.


Algumas poucas pessoas sabem mas, um dia eu enchi o peito com meus 20 e poucos anos em uma DR dentro de uma padaria no Grajau e falei: “quero ser mãe e não abro mão disso”.


Melhor decisão que o meu eu poderia ter tido. Obrigada Renata do passado, sou muito realizada porque você sabia do que não abrir mão.

Oração de uma trabalhadora

Obrigada Senhor! Obrigada por, mesmo em meio a problemas como desemprego, economia ou pandemia, o Senhor tem cuidado para que eu tenha um sustento.

Obrigada, também, por renovar minhas forças todos os dias para que eu consiga me levantar e não me abater com a sobrecarga, me mantendo forte, corajosa e determinada a prosseguir.

Se hoje tenho reconhecimento no que eu faço é graças aos talentos que me deste e ao Espírito Santo que me constrange quando ajo pela minha própria carne e me estimula a cada dia ser melhor.

Eu sei que nenhum trabalho do mundo é ou será perfeito, sei também que vou errar e terei que aprender a me perdoar, também, vão errar comigo e irão me magoar, mas é só em ti que eu deposito minhas certezas ciente que tudo acontece com a sua ciência e para um propósito que minha mente limitada ainda não pode entender. Por isso, quero aprender a não sofrer e nem me desesperar quando em cada dia ter que superar o seu momento mau.

Te peço, apenas, que continue comigo em seu colo, me sustendo, me apoiando e me fazendo sempre estar com o ouvido atento ao Espírito Santo.

Te amo Jesus! Como diz meu filho, Você é nosso melhor amigo.

Amém!

Ide e fazei discípulos na nossa casa

Estou fazendo uma série devocional chamada “sobrecarregada com as minhas bênçãos”. E sim, trata dessa sobrecarga em ser mãe, esposa, profissional e mulher e como lidar com isso a luz da Bíblia.

No texto de hoje ela falava do “Ide” de Deus. Desse versículo tão difundido que é o papel missionário de levar outras pessoas a se tornarem discípulos de Jesus. A questão é que, no texto, ela reforça que temos nosso papel de transformar em discípulos quem mora em nossa casa.

Pode ser que você ache difícil converter pessoas estranhas em missões na África ou até no Nordeste brasileiro, mas pra mim, a missão de converter quem mora com a gente é muito mais complicado. Quando você convive seus defeitos ficam potencializados, suas palavras não causam tanto furor e nem são tão importantes pois “profeta de casa não tem honra”, ou no dito popular “casa de ferreiro, espeto de pau”. Ou seja, tudo que já é familiar perde a relevância ou o caráter de importância.

Outro dia conversava com minha vó sobre a maternidade e ela falou: “ciclana disse que ela não é boa mãe e estragou os filhos”, nessa hora eu respondi que pra mim “ninguém é uma boa mãe sem a misericórdia do Senhor”. Ele é que vai renovar nossa paciência quando estivermos a ponto de dar um berro ao ser testadas pela milésima vez pela nossa família, só o Espírito Santo é capaz de nos incomodar quando estamos sendo muito ausentes do dia a dia dos nossos filhos por nosso trabalho, ou até deixarmos de lado de cuidar de nós mesmas. Só Ele é capaz de nos tornar exemplos e modelos dignos de estimular nossos filhos a serem discípulos de Jesus.

Tenho a honra de, através do meu exemplo, ter conseguido que meu marido se convertesse. Mas admito que falta muito em mim ainda pra trazer uma vida com Deus no meu lar e ter a certeza que estou fazendo dos meus filhos, futuros discípulos do Senhor.

Cabe a mim agora pedir a Deus ainda mais forças para que eu consiga cumprir meu “ide” na minha casa e, ao entregar completamente a rotina da minha casa, conquistar a promessa de que “eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

Diabetes gestacional e o meu mundo de agulhas

Um beijo no meu príncipe e irá passar

Da placenta, fruto da idade e do peso, meu mundo mudou. Pode até voltar ao normal daqui 3 meses, mas nesse momento mudou.

O tempo que era uma característica algumas vezes observadas, agora é o centro do meu universo de observação. Depois de 3 badaladas, comida e mais um furo… Sangue e tensão.

Acredito que se não fosse na condição de alguém, além de mim, necessitar de tal controle, já teria desistido. São bolinhas na ponta de dedo, limites máximos e mínimos, choro e comemoração com algo tão pequeno, e agora injeção.

Com o passar do tempo piora e vamos ajustando, geralmente passa ao dar a luz…

Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o Seu nome.

Números 8h30, 97, tem que comer, não pode mais voltar a dormir. 1 hora depois, fura. No lanche não precisa, mas agora tem antes da caneta com agulha e as 3 da manhã. Mais R$100, R$200? Como eu faria se não tivesse empregada?

E se eu passar mal dormindo? Pode acontecer, por isso vamos monitorar. Respira, não é nada demais. Não?

Sentimentos como culpa, insegurança, medo e incerteza da própria capacidade. Vai que Deus permitiu isso pra você ter força e perseverar. Pode ser, nesse momento eu só quero chorar.

E quando ele chorar, vai passar, falta pouco… 2 meses, menos de 3. 60 dias de 3 em 3 horas aprendendo a continuar e a compensar ao invés de chorar.

Força! Eu morreria por ele, posso me regrar pra comer, me furar, injetar, controlar e abrir mão dos prazeres. Eu posso!

Eu posso?

 

 

 

Cromossomo X, cromossomo Y

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Estou grávida do meu segundo filho com gênero masculino. Sou eu, a única double X e partindo para produzir o terceiro membro humano com “cromossomia” Y. Mesmo assim, sou – até o presente momento – a pessoa menos feminina da casa. Sou a mais racional, a menos vaidosa, sou carinhosa, mas meu primogênito é muito mais emocional que eu. Gasto menos, odeio compras, sou prática e muito ligada a ciências, número e tecnologia. Participo de Hackathons, sou apaixonada por robótica e amo programação.

Sabe o que é mais bizarro? Segundo a UNESCO, somente 17% dos programadores brasileiros são mulheres. Diante disso, me questiono se sou realmente fora da normalidade ou a diversidade na criação das crianças que está limitado e direcionado para aquilo que achamos ideal para elas. Acredito que esse meu questionamento chegou a uma pergunta mais madura internamente pois passei de uma juventude em crise relacionada a minha sexualidade já que era muitas vezes masculinizada e isso só foi desmistificado com idade, experiência e certezas advindas de um dia a dia e de um distanciamento da opinião alheia.

Meu marido é o gênio da cozinha. Ontem ele fez um empadão de camarão com catupiry sem nunca ter feito, sem experiência e sem ninguém em casa como referência. Put* que par**, melhor empadão que já comi na vida. Mão e paladar com uma facilidade de tempero, replicar receitas e inventar / reinventar novos pratos… Isso deveria ser “coisa de mulherzinha” né? Mas afinal, o que é “coisa de mulherzinha”? Ele está fazendo um curso relacionado a engenharia, ontem conversamos, ele até gosta mas não tem prazer, não se sente realizado estudando e aprofundando todos os dias enquanto na gastronomia ele passa horas amolando facas.

Nesse momento você pode estar falando que os maiores cozinheiros são homens. Tá, mas se eu te disser que meu primogênito quer ser dançarino, policial e oficial do exército? Imagine um dançarino – vamos extrapolar e falar bailarino – no contexto e no cenário policial e das forças armadas brasileira. Como você acha que ele seria acolhido? Você acredita que o ambiente militar vai potencializar ou tentar minimizar (até calar) o talento da dança na vida dele?

Infelizmente, acredito que, caso incentivemos a dança na vida dele e também estimulemos a paixão militar que ele tem, na sociedade de hoje são interesses conflitantes. E eu, como mãe, uma mulher com cromossomo XX mas essência Y, fico brigando internamente comigo sobre como atuar nessa educação. Proteger ele e também gerar estímulos pré-definidos pelo padrão social ou estimular qualquer que seja o dom e desejo dele independente de como a sociedade vai ter que lidar com isso?

A pergunta que martela em uma grávida XX com cromossomo Y crescendo em seu ventre é: me limito a letras pré-definidas como X e Y ou toco o fod*-se e vou transitando nas letras do alfabeto cagando com as crises da juventude que meus filhos terão tentando agradar terceiros?

Resumo: Sei lá.

 

Insegurança que pariu

Sexto mês de gravidez. Placenta que estava baixa, subiu. Vamos comemorar! O parto normal surge como uma possibilidade. Segunda gravidez, sendo que a primeira não tive direito a escolha de parto, agora será diferente. Será?

A voz da mãe importa. VOZ? IMPORTA?

Nós, gestantes, prontas a passar pelo ritual de nascimento do rebento que educaremos, cuidaremos, amaremos por toda a nossa vida, independente do que aconteça, não temos voz na hora de parir. A situação é clara, nós, as futuras mães, não temos toda a informação, não queremos que nossos filhos e nós mesmas corramos riscos na hora do parto, mas queremos o melhor que acreditamos pra eles.

O problema é que não é fácil, não é simples, não é tranquilo, ter a segurança que o parto que escolhemos é o certo para nós, pois não temos toda a informação e ninguém tá preocupado com a gente e sim com eles mesmos.

Estou numa saga de falar com obstetras, doulas, hospitais, plano de saúde… Passei agora a só debater com meu marido, DEUS e a minha própria sanidade mental. Tá difícil alguém me enxergar nesse fogo cruzado de opiniões.

Um exemplo foi a minha decisão sobre o hospital que terei meu filho. As críticas são que  “A equipe é cesarista”. Ninguém me perguntou o porquê da decisão e eu não pedi opinião a ninguém sobre esse assunto. Meu marido e eu que decidimos e isso deveria bastar.

Até tem um porquê racional e emocional para a certeza que temos na escolha, que foi simples e puramente por deixarem que o meu filho mais velho pudesse dormir com a gente já que eu não tenho família onde moro atualmente.

Só que nesse universo do parto, todo mundo tem uma opinião, todo mundo dá sua opinião, mas ninguém pergunta pra família ou julga antes de questionar.

O mesmo vale para os obstetras… Tem obstetra que diz que não gosta de doula ou que não quer doula se metendo no trabalho deles. Nenhum me perguntou o porquê de eu querer. A doula, no meu caso, serve de acompanhante, principalmente pois meu marido será o principal responsável em dar apoio ao meu filho mais velho no parto. O que acontece é que os profissionais de obstetrícia estão armados e podem até entender a minha situação só que decidem agir sem perguntar, ou já vão descartando, ou até aceitam impondo limites sem me deixar segura que será uma relação de parceria entre ambas e não um cabo de guerra no decorrer do meu parto.

Escolhas. Será que é tão difícil apresentar as gestantes suas possíveis escolhas sem poréns, com imparcialidade de informação e nos deixar decidir?

Quando vai chegar o tempo que poderemos acreditar que os profissionais que trabalham com o parto, priorizam a criança e mãe e não si mesmas ou suas crenças?

Como garantir e ter a tranquilidade de sentirmos seguras que somos os verdadeiros protagonistas dessa história?

Nos deixem ser protagonistas da nossa história sem “mas” e sem a necessidade que sejamos elites, classes ricas ou celebridades brasileiras.

Meu parto não é capa de revista, é muito mais que isso, é memória afetiva e enquanto para vocês é mais um, pra nós é único e pra vida inteira.

A plebeia guerreira e seu bobo.

Era uma vez uma plebeia que sonhava em ser princesa, mas ela sabia que não tinha nascido para ser princesa. Ela não era nada delicada, vaidosa ou graciosa como as princesas deveriam ser, – nem as unhas ela tinha tempo ou dinheiro para fazer – mas ela precisava sobreviver e conseguir seu espaço no reino, por isso, quando chegou a vida adulta, decidiu que conquistaria através de suas próprias mãos e não pelo seu casamento.

Ela cortou o cabelo, colocou uma armadura e começou a guerrear. Brigou com dragões, ogros, assassinos que tentaram matá-la com um golpe certeiro no coração e chegou até a  salvar algumas princesas indefesas rindo da ironia em sempre sonhar ser um dia assim.

Depois de tantas lutas, ela não era mais a mesma. Carregava sangue nas mãos e culpa no coração, se achava indigna e incapaz de amar. Mesmo assim, se tornou uma das melhores “cavaleiros” do reino.

Certo dia, o Rei resolveu agradecê-la por tantas vitórias e decidiu fazer um baile com um grande jantar em homenagem a ela. Ninguém a via mais com uma mulher. Ela era uma guerreira do reino, premiada e vista como um dos homens que protegiam a corte e todos os moradores de lá.

Em certo momento do baile, o Rei parou os festejos e chamou o bobo da corte para uma apresentação especial. A plebeia, agora guerreira, nunca se divertiu tanto como com aquele espetáculo. O bobo era tudo o que ela não era capaz de ser. Todos olhavam pra ele, riam com e por causa dele, ele conseguia fazer de qualquer ambiente um lugar mais leve e tranquilo e pareciam que todos os presentes da corte adoravam a sua presença.

Após o show, o bobo foi para seus aposentos e voltou ao baile, agora vestido sem suas vestes de trabalho e resolveu conhecer aquela homenageada improvável – afinal se tratava de uma mulher – que ele sentia, lá no fundo, já conhecer de algum lugar.

Sentou ao lado dela, puxou algumas risadas e a chamou para dançar. Ela nunca havia se divertido tanto antes, mas não sabia como demonstrar. Ele resolveu a levar em casa mas ela não imaginava que ele a via e a queria realmente como ela era, por isso, nem um  beijo, naquela noite – mesmo ambos desejando – conseguiram concretizar.

Algumas semanas se passaram e o bobo e a plebeia passaram a se encontrar com frequência, mas eram muito diferentes. Todos percebiam isso. Ele, acostumado as mulheres elegantes, ao luxo e as facilidades da corte. Ela, tendo que enfrentar lutas complicadas e acostumada a ser vista só como mais um cavaleiro na multidão.

Só que a paixão inexplicavelmente cresceu, eles haviam descoberto o amor na pessoa mais improvável, para eles e para a corte. A corte que era o ambiente do bobo não conseguia se adaptar aquela mulher “cavaleiro”. Os cavaleiros – os amigos e o ambiente da plebeia durante anos – questionavam essa relação.

Mesmo contra tudo dizendo que eles não poderiam dar certo juntos, resolveram casar.

No primeiro ano, o bobo tinha muita admiração pela sua esposa guerreira mas começou a se questionar o papel dele na relação e foi perdendo o brilho da sua alegria. A plebeia, ao mesmo tempo, amava e não acreditava que existia alguém mais lindo que seu bobo, mas não conseguia se adaptar ao novo papel que deveria desempenhar na corte e não sabia como se portar naquela situação.

Por conta disso, se distanciaram e afastaram seus corações.

Algumas semanas se passaram e chegou a notícia a corte que a plebeia guerreira tinha sido aprisionada pelo pior dos dragões do reino. Ela iria perder tudo que tanto lutou para conquistar. O bobo, horrorizado com os boatos, resolveu pedir uma conferência com o Rei e a Rainha para poder se ausentar de suas funções e lutar pela sua plebeia.

O Rei e a Rainha não entenderam os pedidos do bobo. Como ele, logo ele, poderia salvar a guerreira do Dragão mais temido do reino? E como ele poderia ir atrás dela, sendo ela tão diferente do papel de importância que ele tinha na corte?

O bobo começou a contar os momentos que viveram, a história que eles tinham tido e tudo o que ela representava para ele. Aquela foi a primeira vez que o Rei e a Rainha entenderam o que realmente acontecia. O bobo ao se unir a guerreira e tudo o que existia nela, o tornava um príncipe guerreiro e a plebeia, graças ao olhar alegre e extrovertido do bobo, se tornava a princesa que sempre sonhou em ser.

O Rei e a Rainha enxergando isso de forma mais clara autorizaram a ida do bobo, mesmo com medo de perdê-lo, deram todo o apoio e disponibilizaram seus melhores guerreiros para acompanharem ele na luta pelo seu verdadeiro amor.

O bobo vestiu uma armadura, empunhou uma espada de fio corte, montou em um dos cavalos mais imponentes do reino e seguiu seu caminho para enfrentar o dragão. Lá chegando, ele não sabia bem o que fazer. Ao ver sua plebeia deitada, machucada, ferida e destroçada, gritou “Minha guerreira, eu vim para nos salvar”. Ela, ao ouvir a voz do bobo, olhou na direção da voz e não acreditou no que via. Seu bobo agora aparentava um príncipe e ela se sentia apenas uma princesa indefesa necessitando ser salva por suas mãos.

Ao perceber que o bobo estava perdido dentro daquela nova situação, a plebeia se encheu de força e começou a gritar pra ele o que fazer. Ele ria enquanto ouvia suas diretrizes, ela continuava a mesma mandona independente da outrora separação. Só que, ao contrário de antes, quando eles se afastaram, eles decidiram que iriam unir forças para vencer o dragão. Ela agora era a voz e ele era o braço em ação.

O Bobo depois de muita luta conseguiu golpear o dragão mortalmente, feriu ele bem no coração e conseguiu salvar – agora – sua princesa indefesa. Em seu papel de príncipe a pegou no colo, colocou-a no cavalo e a levou para curar suas feridas no reino e perto do seu coração.

O reino – ao ver a chegada da plebeia e o bobo e a força que eles tinham juntos – festejou a volta do casal.

Dois anos se passaram e a plebeia deu a luz ao primeiro filho do casal. Meio bobo, um pouco da corte, meio plebeu, um pouco guerreiro e graças a isso, nunca existiu um reino tão forte e feliz como o reino da plebeia guerreira e seu bobo.

 

Porque eu escolhi o cristianismo mesmo tendo cultura?

Basic-precepts-and-ideas-of-ChristianityCostumo ouvir das pessoas uma certa surpresa quando digo que sou evangélica, só realmente aceitam a minha opção religiosa quando falo que minha família também é. Mas o que a maioria não sabe é que eu me tornei cristã não por pressão familiar e sim por crença e entendimento que para mim era uma religião que era muito mais coerente com a minha visão de Deus que outras existentes. Essa não quer dizer que é a melhor escolha para todos, mas foi a melhor escolha pra mim.

Metade da minha família também é espírita. Minha bisavó, por exemplo, era mãe de santo em terreiro de umbanda e minha vó era filha de santo, até ir para igreja evangélica. É bem verdade que, para alguém com uma cultura maior, foi fundamental o conhecimento da bíblia para eu escolher o cristianismo, mas não pense que eu não me informei sobre outras religiões; li um pedaço (admito que pequeno) do “alcorão”, li “O evangelho segundo o espiritismo”, “O livro dos médiuns” e li algumas coisas sobre o “Sutta” que reúne os discursos do Buda; teve também alguns textos sobre testemunhas de Jeová, adventistas e por aí vai. Li esses pois, antes de me tornar adulta, tinha uma certa dúvida se acreditava ou não em reencarnação e também queria entender um pouco as posições tão contrárias ao cristianismo que tinha estudado tão afundo minha vida toda.

Por conta dessa busca incessante pra uma resposta entendi que existia uma resposta ideal pra mim e a resposta era que eu não poderia acreditar em reencarnação e nem em magia negra / trabalhos espirituais e isso foi muito importante enquanto experiência pessoal do que esperava de Deus. Deus pra mim é um ser isento de maldade, a favor de igualdade de possibilidades e verdades. Para esse meu Deus, só existe uma verdade, um caminho e uma opção. Se eu tivesse novas oportunidades para fazer melhor (reencarnação) ou acreditasse que um trabalho é capaz de prejudicar ou mudar destinos, eu não precisaria ser o melhor que pudesse agora e nem teria total livre arbítrio das minhas decisões.

Logo, pensando assim, nenhuma religião se adequava a minha forma de pensar mais do que o Cristianismo. Eu acredito que no livre arbítrio e em apenas uma chance pra fazer certo e crer nesse Deus de uma verdade e um caminho, seria o mais justo igualmente para todos. Mas, porque quem aceita a Deus até na hora de morrer mesmo fazendo tudo errado pode ser salvo e quem fez certinho a vida inteira não vai ser salvo depois de morrer? Costumo comparar essa vida a um jogo de video game… Você tem regras, manual, mas como qualquer outro jogo, tem dicas em blogs, macetes pra facilitar o jogo ou até roubar… Mas a regra tá ali, o manual tá ali, se você acha que pode dar certo pra ser mais fácil e der errado não vai ter mais ninguém pra reclamar e, além disso, se você não morreu mas teve a possibilidade de continuar no jogo, você pode também zerar e ganhar no jogo mas não com todos os prêmios e conquistas que jogando certinho o tempo inteiro poderia conquistar.

Diante disso, eu optei pelo mais difícil… Tento ser cristã, agir conforme o manual, mas quando percebo que errei, a minha fé na morte e ressurreição de Jesus me faz não sofrer de remorço. E foi por isso que eu escolhi seguir Jesus, mesmo tão “instruída”.

Mas afinal, o que é ser mãe?

imageMinha mãe não pode, exatamente, ser considerada uma mãe tradicional. Por diversas vezes fez e disse coisas das quais hoje não lembra, provavelmente por não querer lembrar; uma delas foi dizer claramente para minha irmã e para mim: “não nasci pra ser mãe, não à toa, na gravidez das duas, jamais entrei em trabalho de parto”.

Um dado interessante é que, mesmo sendo tão atípico, eu sentia e ainda sinto que ela me ama desse jeito meio maluco dela. É engraçado que ela me amava tanto e me achava tão parecida com ela e tão inteligente que ela torcia, tentava me convencer e a todos a minha volta que eu jamais deveria ser mãe.

Dizem que depois que você tem um filho você passa a entender seus pais e a concordar com eles, principalmente sua mãe.

O engraçado é que odiei a gravidez, cheguei até a ficar um pouco depressiva pensando que esse era um sinal do universo que minha mãe estava certa o tempo todo, jamais deveria ser mãe.

Essa loucura, esse medo, essa angustia de ser igual a ela me consumiu até recentemente.

Admito que quando meu filho nasceu eu o amei tanto, tinha tanta vontade de estar com ele e tanto prazer na sua companhia que já começava a questionar minha mãe. Mas foi somente nesses dias que finalmente tudo mudou.

Eu estava doente a semana toda mas precisava trabalhar, precisava passar por cima dessa gripe maluca que me pegou, até que o Arthur começou a ter os mesmos sintomas que eu… Trabalhei pensando naqueles sintomas e não conseguia ter paz, precisava ir com ele ao médico, saber se ele estava bem, como me curava para que ele estivesse completamente bem e não com essa tosse que o incomodava.

Mesmo não podendo e o pai junto com ele, não pensei duas vezes, larguei o trabalho, corri pros braços do meu filho e enquanto meu corpo, minha garganta doía e minha pressão tinha aumentado horrores, eu tive a maior certeza do mundo. Eu sou diferente da minha mãe, amo ser mãe e ao contrário de como ela agiu e como sempre pregou, meu filho é maior que qualquer coisa nesse mundo, até meu trabalho que amo tanto realizar.

O engraçado é que sempre imaginei que se um dia eu me descobrisse uma mãe que ama e vive a maternidade, ao contrário da minha própria mãe, eu poderia critica-la e julga-la por como me criou. Só que ao invés disso acontecer, o que eu descobri foi o que, afinal, é ser mãe. Decidi compartilhar através desse texto.

Ser mãe é amar alguém mais do que tudo e dar o melhor de si. O melhor de mim é pensar no meu filho acima de tudo e sentir prazer em todo momento da maternidade, o da minha mãe é não querer que eu repita os erros dela que a fizeram infeliz.

Depois disso parei de julga-la, afinal, na maternidade eu descobri que não existe certo ou errado quando você ama, é só uma questão de qual ângulo enxergar.