Meu Ser Mãe

Sendo sincera, a maternidade deixou minha vida com mais cansaço mas mais completa. Minha vida inteira fui canceriana, mas nunca me identifiquei com esse treco. Duvidava até da veracidade da astrologia por isso. Depois que me tornei mãe, o tal do signo de câncer aflora, deflora e expõe todas as características, antes silenciados em mim.
Amo tanto ser mãe que prefiro fazer amor segurando na parede pra não cair e não ter que tirar meu bebe que acabou dormindo na minha cama.


Dane-se, que o desconforto seja meu.
Sou daquelas criaturas que aprende toda a matéria do filho pra ajudar a estudar pra prova mesmo sabendo que isso não é sustentável e quando chegar o vestibular dos meninos, vou me ferrar tentando ajudar. Sou e amei tanto ser mãe, que criei uma startup para mães que querem ser mais que mães.


Porque, eu sou mãe, amo ser mãe, mas como na astrologia não sou só câncer; tenho lua em escorpião, ascendente em gêmeos… Me deixem ser tudo o que eu quero ser e mais. Sou mulher, as vezes menina, algumas pareço homem meio moleque. Sou profissional e amo meu trabalho. Sou namorada, amiga, noiva e esse ano oficializa meu lado esposa. E Sou mãe. E de todas as coisas que sou, as que eu olho e falo, é isso, é ser mãe. É como se a maternidade fosse a borda de pizza recheada de nutella numa pizza doce. Um pecado a mais com sabor de quero mais, que circula tudo e dá um tchan pra vida.


Algumas poucas pessoas sabem mas, um dia eu enchi o peito com meus 20 e poucos anos em uma DR dentro de uma padaria no Grajau e falei: “quero ser mãe e não abro mão disso”.


Melhor decisão que o meu eu poderia ter tido. Obrigada Renata do passado, sou muito realizada porque você sabia do que não abrir mão.

A evolução das mulheres. A confusão dos homens.

ambrosio-sutia-2A mulher moderna é realmente estranha ao olhar de alguns homens. A sociedade machista trouxe uma visão a alguns do ideal submissa, caseira, doméstica e domesticada. A revolução feminina só veio dar um nó na cabeça desses pobres coitados, que já nos acham complicadas demais sem evolução, imagine evoluindo e alçando novos voos como atualmente.

Hoje conversava com meu melhor amigo e ele me falava da quebra de paradigmas que mulheres como eu, e outras amigas nossas em comum, tem causado em seu gosto e procura pela mulher ideal. Ele sempre se assumiu machista. Do tipo que busca a donzela que sabe manter as aparências, que sorri recatadamente e nunca sentaria numa mesa de bar. Mas isso era antes. Era antes dele ter amigas como nós. Modéstia parte falando, somos um modelo de mulher evoluída e ao mesmo tempo paradoxal.

A mulher de hoje em dia, aquela que estuda, aquela que trabalha, aquela que foi criada nos moldes familiares contemporâneos, carregam dentro de si uma chama do equilíbrio entre as maravilhas de ser homem e as doçuras do mundo feminino. Nós sentamos no bar, nós bebemos, rimos, mas ficamos envergonhadas quando alguém vem nos cantar. Discutimos teorias, lemos Bukowski e Marian Keyes quase que paralelamente. Nos empolgamos com um encontro, fazemos a unha e o cabelo e testamos todas as roupas do armário antes de sair com o rapaz; e se der na telha, falamos de sexo e não esquentamos sobre o limite do cara nos achar fácil ou algo mais.

Somos tão contraditórias que não buscamos o marido perfeito. Marido? Casamento? Até sonhamos com o vestido de noiva, nos derretemos ao ver uma criança linda a sorrir. E isso nada mais é que o lado meigo feminino aflorando mas sem desejar que isso seja uma realidade imediata ou algo assim.

Imagino o quanto é difícil pra um cara, como esse meu amigo, quebrar tantos paradigmas. Um ano atrás buscava um tipo de mulher, mas depois de conviver com amigas, como eu e outras mais, reviu seus (pré) conceitos e não consegue se encontrar em qual tipo de mulher é ideal almejar. Falei pra ele que pela sua veia de companheiro, jamais seria feliz com uma mulher dessas que anda um passo atrás. Aquela que anda ao lado, pela referência de quem ele é, seria bem mais complementar.

O que aprendi nessa conversa é o quanto se tornou difícil pra um homem entender e diferenciar o que é ser moderna, direta e separar com os seus conceitos de “pisteira”. Essa cultura social fez com que eles se perdessem na referência de qual é a “mulher de fé” e qual é a “periguete”. A linha é tão tênue que, as vezes, só com a convivência se tornou capaz de diferenciar. E a convivência leva a uma confusão de sentimentos onde eles não sabem mais se são só amigos ou algo mais.

Talvez isso valha como aprendizado pra nós mulheres tentarmos entender mais a confusão dos homens e pararmos de julgá-los como retrógrados ou machistas. Na verdade, eles só precisam de tempo pra entender quem a gente realmente é. O problema é que muitas vezes nem nós mesmos sabemos essa resposta, mas essa questão fica pra um outro texto.

Tentando explicar minha TPM

tpm1Sábado eu fiquei num mau humor absurdo, só queria me isolar… O corpo começou a inchar, eu só queria estar em casa. Bebi e fiquei bêbada mais rápido que o normal, mas os problemas pareciam ter desaparecido.

Domingo não queria ver ninguém. Fiquei largada na cadeira de praia, ri das piadas alheias, conversei um pouco, enjoei da pessoa, fui pra casa. Tomei banho e deitei… Nada de deitar de bruços. Nem ouse deitar de bruços. Esquece… Você não vai conseguir dormir. Dia seguinte: Acorda, levanta… Se arrasta pra ir trabalhar.

Senta na cadeira do trabalho e fica mentalmente falando: “não ouse chorar, não vai chorar, não chora… EU QUERO CHORAR!”

Escreve no blog. Tenta desopilar… Os olhos ainda disputam comigo a vontade de chorar. Meus seios parecem que vão explodir a qualquer momento.

– Quer ir almoçar?
– Vai aonde?
– Mcdonalds…

Cara de nojo!

– Que cara é essa?
– Tô de TPM.
– Ok! Fui almoçar.

Outra pessoa pergunta:

– Quer alguma coisa pra comer? Vamos pedir.
– Não obrigada… Tô de TPM, enjoada e com vontade de chorar.

Por favor, não me perguntem mais nada. Caracolis… Meus seios vão estourar! Eu juro! Já disse que me odeio. Odeio com todas as forças.

É… O dia vai ser longo!

Vergonha

Odeio me sentir vulnerável… Poderia dizer que essa é a minha kriptonita, se em algum momento alguém me considerou uma super-mulher. Não sei bem, mas não me sinto e não gosto de agir com minha feminilidade em público. Acho que estou tão acostumada a me ver – e a me verem – como um menino. Toda vez que respondem a algo meu de forma a me sentir mulher, perco a noção de como agir. É como se eu só pudesse ser feminina, mulher, a dois… A sós.

Participei de uma brincadeira onde a cada dia você deverá publicar uma foto que corresponda ao pedido do desafio. A primeira era divulgar uma foto sua com 10 ou 15 anos, de repente lembrei de uma foto que tinha no álbum do facebook que representavam meu “debut”, mas como não tenho o costume de ver o contexto feminino da história e já havia publicado a foto antes, nem tive maldade, até que começaram a comentar…

Não sabia aonde enfiar minha cara. Cogitei tirar a foto do ar. Cogitei apagar comentários… Cogitei pedir para pararem, mas lembrei que tudo que falasse só iria gerar mais falatório. Tentei abstrair. Não consegui. A cada comentário, mais sem graça eu ficava…

Lembrei da minha adolescência. Lembrei do quanto me interessava mais pelos rapazes “nerds” e odiava quando os bonitinhos vinham falar comigo. Passei a esconder meu corpo. Passei a deixar meu corpo de lado. Passei a fugir de tudo aquilo que fizesse homens olharem pra mim e me desejarem no primeiro momento. Queria ser aquela que, somente com a convivência, com as similaridades, houvesse química.

Consegui! Tenho espaço pra decidir… Pra não magoar. Pra não me sentir vulnerável. Pra deixar o que combinava gerar a atração.

Ao mesmo tempo percebi que me tornei fechada aos elogios e o que deveria ser bom, afinal muitos dos meus amigos foram os que comentaram, me deixaram constrangida ao nível máximo. Recordei também de muitos relacionamentos que tive que, após conviverem comigo se descobriam surpresos por eu, como qualquer mulher, também saber ser sexy, carinhosa, meiga, delicada e feminina. Toda mulher tem um pouco disso e eu nunca entendi essa surpresa.

Até agora!

A cada ano que passava me fechei mais. A cada relacionamento frustrado, passei a me esconder mais. A cada receio de me envolver, passei a aceitar menos a minha feminilidade.

É! Tá na hora de retroceder um pouco e passar a me ver um pouco mais feminina novamente… Afinal, essa já é a segunda vez – só essa semana – que sou obrigada a lidar com a estranheza interna ou externa a minha “falta de feminilidade pública”.

Mulheres e o aperfeiçoamento das 7 deusas interiores

Os homens, aqueles mesmos que criaram a mitologia grega e romana, questionam – muitas vezes – as mulheres contemporâneas. Se pensarmos um pouco as mulheres de antigamente evoluíram a um status que buscam ser mais do que simplesmente uma deusa, elas querem um pouco de cada deusa que o próprio imaginário masculino idealizou.

Curiosamente, na “numerologia” cristã o número 7 (sete) representa a perfeição e, novamente, curiosamente (ou seria propositalmente) as mitologias representam as mulheres em 7 (sete) deusas.

Para quem não conhece darei uma percepção do que representa cada uma das 7 (sete) deusas usando os nomes gregos e romanos para os ambientarem:

  • Artêmis ou Diana: é a representação atlética e “sustentável” da mulher.
  • Atenas ou Minerva: representa a sabedoria, a mulher profissional.
  • Héstia ou Véstia: a amiga, a hospitaleira, a exímia dona de casa.
  • Hera ou Juno: representa o lado feminino político, líder e apegada a moralidade.
  • Deméter ou Ceres: representação do lado materno feminino.
  • Perséfane ou Coré: representa o lado espiritual e a busca pela espiritualidade feminina.
  • Afrodite ou Vênus: a feminilidade, a sensualidade / sexualidade e, finalmente, o amor feminino.

Quem olha e analisa as 7 deusas provavelmente pensa que a mulher que domina essas sete deusas internas é a mulher perfeita, ou a ideal como alguns referenciam.

Provavelmente as mulheres da Grécia ou da Roma antiga se espelhavam nelas e, quando tinham mais afinidade como uma deusa que o tabu machista imperava, clamavam e montavam oferendas a elas como forma de evidenciar mais claramente esse focos em si mesmas. As políticas, oferendas a Hera, as sábias e intelectuais buscavam Atenas e assim por diante. Assim, conseguiam convencer os homens a deixá-las espreitar por áreas que não eram consideradas femininas e pela mitologia popular conquistaram muitas portas novas as mulheres contemporâneas.

Mas alguma coisa nesse caminho se perdeu. Talvez a mulher não se contentou mais em ser somente representante de uma das deusas. Talvez os homens exigiram que para seguir uma outra deusa “tabu”, era necessário que seu lado Afrodite (sensual), Deméter (mãe) e Héstia (companheira) continuasse em voga mesmo após a busca de outras áreas. Para desenvolver esse lado que amava, as mulheres de antigamente cederam a pressão masculina e passaram a agregar mais deusas dentro de si. Vai saber…

Até que chegamos – finalmente – ao século XXI com mulheres buscando incansavelmente as 7 deusas perfeitas em sua vida com uma dose de cobrança masculina nessa busca pelo Santo Graal.

O que muitas pessoas provavelmente esquecem é que, mesmo sendo deusas, cada uma delas tinha suas imperfeições. Artêmis era vingativa e cruel, Atenas não pode ser considerada vaidosa e isso lhe conferia uma imagem masculinizada e, além disso, era desconfiada e desinibida. Héstia não tinha ambição e ímpeto, Hera era ciumenta e lida a perda com raiva, Deméter é carente e depressiva, Perséfane é passiva e insegura – a eterna mulher a espera do príncipe encantado para resgatá-la – e finalmente Afrodite que pode ser considerada volúvel e maquiavelica por muitos, era a “periguete” de nossos tempos.

Provavelmente cada mulher verá mais em si de uma deusa ou outra mas por mais que tentemos é praticamente impossível agregarmos as 7 deusas interiores com perfeição e maestria sem apresentarmos muitas dessas características negativas.

Seria dar murro em ponta de faca tentar incessantemente representar as 7 deusas em uma única mulher já que, ao meu ver, as mulheres idealizadas para o Olimpo parecem tanto espelhos de mulheres como eu e muitas outras, mas cada uma em sua representação icônica e não um agregado de todas em um corpo de mulher.

Concordo que a busca pela perfeição e desenvolvimento tem que fazer parte de nossas vidas mas muitas mulheres se frustram por não conseguirem alcançar o tamanho feito de ser a “Deusa das deusas”. Da mesma forma, muitos homens desencantam por suas deusas por encontrarem uma outra faceta “endeusada” em outras mulheres, até descobrirem que falta em uma, é encontrada na outra e assim vivemos o ciclo do “o jardim do vizinho é melhor que o meu”, ou seria melhor dizer: “a deusa do lado é melhor que a minha”. Até quando será assim?

Cada mulher tem uma deusa dentro de si e por isso mesmo tem que prestar oferendas aos poderes concedidas a si própria.  Óbvio que tem uma deusa que representa melhor quem sou mas não condeno nenhuma das outras deusas e continuarei as buscando em meu dia a dia para um aperfeiçoamente de quem sou. Só que entendo que cada deusa tem seu papel no Olimpo e isso que traz a perfeição, o conjunto de cada uma delas exercendo sua função pátria e colaborando uma com as outras ao invés de buscarem a perfeição de todas elas em si mesmas geram frutos heróicos em nossas concepções semideusas.

Feliz Idade

Aos 15 anos eu reclamava da minha mãe. Aos 20 dos homens. Aos 25 do marido. E agora aos 30 estou descobrindo a felicidade. A feliz idade.

Aos 15 anos eu era magra e não era feliz. Aos 20 eu era gordinha e não era feliz. Aos 25 eu era obesa e não era feliz. Agora aos 30 penso na minha saúde e sou feliz, quem diria, caminhando para um corpo melhor do que jamais tive.

Aos 15, odiava esportes. Aos 20, esportista de computador. Aos 25, descobri a corrida. Com 30, me apaixonei pela endorfina, pelos esportes…

Aos 15 anos não queria saber de Deus. Aos 20 eu procurava Deus. Aos 25 eu achava que tinha encontrado Deus. E agora aos 30 eu sinto Deus em cada momento sem nem me preocupar, e sou feliz.

Aos 15 anos eu queria um namorado. Aos 20 eu queria um marido. Aos 25 eu queria paz. E finalmente aos 30 dei adeus as carências e me tornei mulher, e sou feliz.

Procurava a felicidade como quem pensa que ela está na esquina das ruas, dentro das igrejas, ou em outro lugar. Encontrei a felicidade aqui, agora, dentro de mim, sem custos, sem penitências, sem risadas e desesperos… A felicidade é tão simples como toda a simplicidade é. Mas nesse mundo consumista, nesse mundo extremista, pensava que felicidade era algo complexo, enérgico, extasiante, eletrizante… Quem diria que aos 30, depois de tanta coisa viver, descobriria que ser feliz é valorizar os momentos pequenos, os momentos grandes e até os aprendizados dos momentos de dor.

Antes era um tornado de emoções. Antes era bipolar. Procurava me apegar as coisas maiores e deixar as pequenas no seu lugar. Meus hormônios da juventude somatizavam. Meus sentimentos eram verdadeiros poderes de um pokemon em batalha. Quem diria que aos 30 a felicidade seria simplesmente viver e reconhecer Deus em mim e em todas as coisas ao meu redor.

Me preocupei tanto com o que os outros iriam pensar quando eu perdi a virgindade, quando eu me converti, quando eu casei, quando eu me separei… Hoje não me preocupo com o que pensam e sim com o que eu penso, com o que aprendi.

Caminho para os 30, graças a Deus. Desejei tanto os 18, os 20… Mas só agora percebo que precisava de 30 anos para ser feliz. Feliz idade, felicidade… Oi! Simples assim.